Enfrentar a realidade, para ela, é mais difícil do
que parece. Fica perdida e sem forças para tal. Vive no seu mundo, aquele que
ela criou para si. O mundo que é quase perfeito, mas que ainda não atingiu a
perfeição. Vagueia nos seus pensamentos, na perfeição que quase alcançou. Mas,
quando olha à volta, vem a frustração. Falta alguma coisa, mas o quê? Procura,
volta a procurar. O problema é que não sabe do que é que está à procura.
Olha à volta e está tudo vazio. Não sabe o que
fazer, por onde ir, o que procurar. Ouve os gritos da mente, mas não está lá
ninguém. Pensa. “Salva-me!”, pede. “Faz-me ser uma pessoa melhor que saiba
sentir!”, suplica. Mas o vazio não sai, não quer desaparecer. Permanece.
Sente o arrepio, alguém apareceu. Alguém. Mostra-me quem
és. Diz-me se és tu aquilo que eu preciso. Diz-me se aquilo que sei é real. O
que eu preciso. Diz-me se sabes quem eu sou. Se sabes como sou. Nada sei sobre
ti, nada sabes sobre mim. Mas quem és, afinal? E eu, quem sou? Tu és tu, eu sou
eu. E tu, quem és? Nada. Nada és. E eu? Nada sou.
Sente-se fraca. Tenta ser a pessoa mais forte do mundo, mas os dias
passam e tudo torna-se mais difícil de suportar. É como se algo a impedisse de
continuar, avançar para a frente. Uma estranha sensação de incapacidade que a
faz fechar-se no seu próprio mundo. Não dá para mais, está prestes a chegar ao
limite. O medo, a insegurança. É tudo.
Está presa na escuridão à espera que alguém a salve. O medo e a
insegurança apoderam-se da sua alma. Está frágil, prestes a desfazer-se em
pequeno fragmentos de nada. Tudo o que lhe resta é esta angústia, esta sensação
de que vai sufocar dentro dos seus pensamentos, que vai continuar a cair cada
vez mais. Mas, desta vez, já não vai existir nenhum País das Maravilhas.
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