terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Underwater


Junto ao rio ele estava sentado num café. Havia gatos por todo o lado a correrem atrás das gaivotas. O céu estava com poucas nuvens e o sol a pôr-se. Uma paleta de cores quentes invadia a cidade.

Eu e ela sentámo-nos e, de longe, eu observava-te enquanto ela lia um livro. Tu olhaste e sorriste. Já nos tínhamos cruzado e falado algumas vezes. Pouca coisa. Éramos demasiado tímidos e eu ficava nervosa quando estavas presente. Retribuí o sorriso. O meu chá foi servido e tu levantaste-te. Fixaste o teu olhar em mim, como se estivesses com medo de algo. Fiquei com uma sensação estranha.

De repente formou-se uma tempestade. A água levou-nos aos dois com a sua força, e juntos fomos parar ao oceano. Abraçaste-me debaixo de água e, sem me largares, seguimos a luz. Ao nadarmos em direcção à luz, ouviamos uma música calma, que nos dava uma grande sensação de nostalgia. Era como se já tivessemos estado ali antes, como se já nos tivessemos encontrado naquele lugar.

Olhaste para mim, passaste a mão pelos meus cabelos, e beijaste-me enquanto dançávamos, lentamente, debaixo de água.

1 comentário:

  1. Tres lindo. Fez-me lembrar um livro chamado "Diário de Um Killer Sentimental", do Luis Sepúlveda, talvez numa versão mais... "ardente". Le esse livro.

    CC

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